domingo, 28 de setembro de 2014

Como abordar o tema racismo e intolerância sexual e de gênero no ambiente pedagógico

Rodrigo Alves Faddoul





O tema racismo é algo que sempre está em discussão, pois mesmo vivendo em um país de maioria negra e parda o preconceito racial ainda é muito grande, mesmo com a garantia legal de que todos são iguais vemos pessoas que insistem em discriminar alguém pela cor da sua pele.


Outro tema muito importante para ser tratado é a diversidade sexual e de gênero, pois é importante que a sociedade compreenda que existem formas diferentes de se amar e que cada um é livre para amar quem quiser, e que o gênero está na mente e não no corpo.


Baseado nestas questão elaborei um breve portifólio sobre como abordar este tema no ambiente pedagógico da sala de aula:

1- Linkar estes assuntos com as matérias da grade curricular, como por exemplo na matéria de história e geografia explicar sobre a vinda dos africanos para o Brasil e demonstrar a injustiça que foi cometida contra eles nesse período, fazendo os alunos compreenderem que ninguém tem o direito de escravizar ninguém, tratar ninguém como inferior ou infringir maus-tratos e ofender alguém por conta da cor da pele. Nas aulas de sociologia, filosofia e até mesmo em história pode ser abordado o tema da diversidade sexual, levando os alunos a pensarem sobre o motivo de a sociedade em sua grande parte considera errado o amor homossexual, e também levar a pensarem sobre se é certo obrigar alguém que não se identifica com o seu sexo de nascimento a levar um fardo como esse, e se o mais correto não seria facilitar o acesso aos documentos com o nome do sexo com que a pessoa se identifique e até mesmo a cirurgia de adequação social.


2- Fazer os alunos compreenderem que o Brasil pela lei não tem etnia privilegiada, nem religião oficial e que a constituição garante a igualdade de todos perante a lei.


3- Levar os alunos a refletirem sobre quando eles são ofendidos e se eles gostam de serem ofendidos, e depois levar os mesmos a pensarem se eles devem então respeitar o seu semelhante ou se devem repetir o ciclo de ofensas que só gera ódio, mágoa e ressentimento.


4- Envolver todo o corpo docente e pedagógico em um diálogo para que não tratem de forma diferente nenhum aluno, e que eles compreendam por meio deste diálogo que a escola é um ambiente de inclusão, não de exclusão.

Ensino religioso perpetua preconceitos

Sáb, 13 de Abril de 2013 20:41 
Mariana Vaz Da editoria de educação


Apesar de ser o país com maior número de católicos no mundo, a cada dia cresce o número de evangélicos, islâmicos, espíritas, umbandistas, candomblecistas, budistas, ateus entre outras religiões no Brasil.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), o Ensino Religioso é facultativo. O texto destaca que o conteúdo é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de Ensino Fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.
A intenção da LDB é impedir situações de imposição ou discriminação religiosa dentro das escolas o que, infelizmente, é mais comum do que se imagina. Um exemplo disso é o caso da jovem L. V. S., 13 anos. Ela faz o 8º ano em uma escola estadual de Aparecida de Goiânia.
A garota pertence ao Candomblé e já presenciou, dentro da instituição de ensino onde estuda, a ignorância e o preconceito religioso que ainda existe em toda a sociedade. Ela explica que, como parte de um ritual de iniciação, raspou a cabeça e passou a usar roupas brancas, colares de contas e outros adereços típicos de sua religião.
Uma das professoras do colégio questionou o visual da aluna e, apesar de sua justificativa, ela foi impiedosamente criticada pela educadora. “Ela disse que era o demônio que estava no meu corpo e começou a orar, colocando a mão na minha cabeça. Eu tentei explicar pra ela que ela não podia colocar a mão ali, que faz parte do ritual, mas ela não me ouviu, e ainda disse que ia levar meu nome para a sua igreja. Mas eu não quero nada disso. Eu só quero ser eu mesma”, lamenta a estudante.
Apesar de frequentar o terreiro de Candomblé desde pequena e de nunca esconder sua escolha, L. V. S. lida diariamente com a reação de surpresa das pessoas, especialmente quando elas ficam sabendo de sua opção religiosa. Deus limitado
A jovem conta que nas aulas de Ensino Religioso que tem na escola é comum os professores mostrarem o que é Deus, mas em uma visão bastante limitada. “Eles não citam nenhuma religião específica, mas é claro que a única visão de Deus que eles mostram é a do Cristianismo. Até porque a minha professora é evangélica, e ela quer mostrar o Deus dela”, diz.
E mesmo estando matriculada na escola há mais de cinco anos, L. V. S. conta que, em nenhum momento, pediram para ela falar sobre sua religião.
E o Candomblé, assim como outras religiões menos representativas, nunca foi citado pela professora durante as aulas. “Quase nunca falo da minha religião. Muitos não aceitam, fazem graça e distorcem tudo. Por isso nem tento explicar”, revela.
A história de L. V. S. não é um caso isolado. De acordo com Daniel Sottomaior, presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea), as escolas hoje vivenciam uma supremacia do ensino religioso cristão. “O ensino religioso, da forma como é ministrado hoje, é uma aberração. Compete às famílias formar os filhos na crença da qual acreditam, e não o Estado”, critica.
Para ele, a facultatividade da disciplina é o mínimo que se pode fazer, mas o ideal era que a matéria nem existisse na grade curricular das escolas. Ele argumenta que o modelo adotado nas aulas é proselitista, o que exclui as demais crenças, como as de matrizes africanas, e também o ateísmo.
“Deveria se falar 'sobre' religião, mostrando os aspectos históricos de 'todas' elas e como surgiram. Ao contrário disso, o que vemos são os professores ensinando os alunos a rezarem uma missa. É uma catequese financiada pelo Estado!”, aponta.
Ele lamenta que um momento que, teoricamente, foi feito para apresentar a diversidade religiosa acabe por reforçar o preconceito e criar estereótipos, como aconteceu com a jovem L. V. S.
Sobre o fato da Lei de Diretrizes e Bases da Educação “facultar” essas aulas ao aluno, Sottomaior ressalta que isso acaba gerando outros problemas na rotina escolar. “A LDB faculta as aulas, mas a verdade é que a maioria das escolas sequer tem estrutura para o básico! O aluno que, por algum motivo, não quiser assistir às aulas acaba sendo encaminhado à secretaria ou biblioteca, e fica sem fazer nada durante aquele período.”
Professor “tapa-buraco”
Nas escolas da rede estadual, a disciplina de Ensino Religioso é obrigatória na segunda fase do Fundamental e no nível Médio, sendo que nas turmas da primeira fase é ministrada de forma transversal.
Em nota, a Secretaria de Educação do Estado (Seduc) informa que o “Ensino Religioso assume uma dimensão plural e abrangente, para além do aspecto doutrinário das religiões.”
Mas, na prática, não é bem isso que acontece, já que quem assume as aulas são professores das áreas de Humanas ou de Pedagogia, muitas vezes sem nenhum preparo para falar sobre o assunto. Na rede municipal de Goiânia, os Cmeis e escolas trabalham a matéria de forma espontânea.
Cada um tem a liberdade para incluir ou não o conteúdo em sua grade. De acordo com a coordenadora geral de Política Articulada de Educação da Paz (EPAZ) da SME, Genivalda Araújo Cravo dos Santos, há uma proposta de incluir a matéria esse ano no currículo de todas as unidades de ensino. Fenômeno religioso
Segundo ela, a ideia será discutida durante o 2º Seminário de Educação da Paz – Estudos, Pesquisas e Vivências, que acontecerá no dia 15 de maio.
Doutora em Ciências da Religião, Genivalda explica que a intenção do encontro é regulamentar a disciplina, sem que ela se se torne um culto catequético. “Embora facultativo, é um ensino previsto na LDB. Temos no município de Goiânia uma resolução de 2009 que determina que as aulas tratem do fenômeno religioso, analisando o contexto histórico e como as religiões interferem na cultura, na arte e no comportamento. É isso que queremos mostrar em sala de aula.”
Para ela, o Ensino Religioso é importante para a formação de uma criança, desde que acompanhado de preceitos filosóficos, éticos e históricos, reconhecendo sempre a diversidade existente. Até mesmo o ateísmo, que ela explica ser para a ciência uma forma de conexão com o sagrado, deve ser discutido em sala de aula.
Para que isso aconteça ainda é preciso enfrentar um sério problema: a formação dos professores. Genivalda reconhece que é difícil para muitos se desvincularem de crenças individuais e lamenta que, na maioria das vezes, o Ensino Religioso não seja valorizado nas escolas, sendo quase uma matéria “tapa-buraco” com professores escolhidos sem nenhum critério.
“Ainda temos muitas lacunas nas escolas. Muitos professores usam as aulas para pregar sua religião e conseguir adeptos, o que é horrível. Isso sem falar na reação negativa de muitos pais ao saberem que seus filhos estão tendo aulas sobre religiões diferentes das que eles seguem”, relata.

Preconceito e baixa autoestima
O presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea), Daniel Sottomaior, aponta como principais resultados do Ensino Religioso deficiente o preconceito crescente com as religiões “não-oficiais” e também a perda de autonomia intelectual.
“Quando são menores, as crianças são facilmente manipuláveis e acabam se tornando um investimento futuro para as igrejas, que impõem suas crenças aguardando novos fieis. Quando os estudantes já estão maiores e tem senso crítico formado, acabam sentindo-se excluídos e podem reprimir sua opinião, o que é péssimo para a sua formação”, alerta.
A corretora de imóveis Aline Marques é mãe do pequeno Ricardo Filho, 8, e teme que isso aconteça com seu filho. “Ele tem receio de falar que é do Candomblé porque sente que as pessoas reagem diferente. Eu falo pra ele que isso é bullying, mas é difícil lidar com toda uma sociedade mal-informada. A cabeça dele acaba ficando muito confusa”, relata.
Ela frequenta um terreiro há cerca de oito anos e sempre leva os dois filhos. Aline conta que todas as vezes em que ia matricular os filhos em uma escola nova explicava a situação. Apesar de sempre escutar que “não havia nenhum problema”, certa vez a diretora de uma instituição pediu a ela que parasse de levar o filho para o terreiro, porque ele contava o que acontecia para os coleguinhas e isso estava “atrapalhando a formação religiosa dos demais.”
Aline mudou o filho de colégio e hoje ele e a irmã, Rháryna Sophya, 4, estão matriculados em uma escola kardecista. “Lá nunca tive nenhum problema”, garante. O desejo da corretora de imóveis era que as aulas de Ensino Religioso nas escolas abrangessem mais culturas e fossem menos confessionais.
Para ela, já é difícil lidar com o preconceito na sociedade e, se na escola fosse diferente, os avanços viriam em médio e longo prazos. “A Rháryna, ao contrário do Ricardo Filho, é super resolvida com sua religião. Quando eu fiz os trajes dela para os rituais, ela queria mostrar na escolinha. As pessoas dizem que ela é 'macumbeira', mas ela não entende isso como uma crítica, e adora! Ela fala o tempo todo: eu sou macumbeira!”.
Rháryna ainda é pequena para compreender o preconceito, mas o seu irmão, um pouco maior, mostra, ainda que sem palavras, que já sabe muito bem do que se trata. “Tenho vergonha de falar pros meus colegas”, afirma o menino, sem saber explicar direito os motivos.

Curso de formação
A coordenadora geral de Política Articulada de Educação da Paz (EPAZ) da SME, Genivalda Cravo adianta que durante o 2º Seminário de Educação da Paz – Estudos, Pesquisas e Vivências será formado um grupo de trabalho que irá apresentar a proposta de criação de um curso de formação em Ensino Religioso para os educadores da rede municipal de Goiânia.
Enquanto isso não acontece, ela acredita que é possível ensinar sobre religiões de forma isenta e didática. “Independente da minha fé, tenho que respeitar a fé do outro. Pertencemos a um estado laico e se o educador compreender isso, conseguirá repensar sua prática e acolher o outro”, argumenta.
Na opinião da coordenadora é somente através da educação que será possível lutar contra a intolerância religiosa, causa de tantas guerras e conflitos.
 Extraído de: http://tribunadoplanalto.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=16461:ensino-religioso-perpetua-preconceitos&catid=60:escola&Itemid=8


Minha opinião sobre o case é a de que o assunto religião ainda está longe de ser um tema pacífico de se tratar na escola, pois querendo ou não temos uma hegemonia cristã católica e protestante entre os alunos, e por mais que as crianças estejam dispostas a aprender sobre diferenças e sobre como todas as religiões merecem respeito os pais são o grande obstáculo, pois encaram a diferença como ameaça, e pressionam a escola para que a mesma adote um padrão cristão, mesmo que nesta escola tenham judeus, muçulmanos, umbandistas, kardecistas e praticantes de outras religiões.

A escola como um ambiente inclusivo deve celebrar a diversidade e não enfatizar a exclusividade. Deve partir dos educadores a abertura de diálogo, até mesmo com os responsáveis sobre que mundo estamos criando se instigarmos a intolerância religiosa, social, racial, sexual e demais intolerâncias.

A educação religiosa só será uma arma eficaz na luta contra a intolerância se todas as religiões tiverem seu espaço, e todos puderem participar da construção dos temas abordados, se a educação religiosa servir apenas para promulgar o dogma de uma religião hegemônica estaremos condenados a perpetuar o quadro que conhecemos atualmente, e dificilmente veremos um diálogo verdadeiro acontecer na sociedade.